Cherreads

Chapter 2 - Primeiro dia.

Acordei cedo no dia seguinte, vesti calças jeans, sapatos de couro e uma camisa social branca. Coloquei meu coldre de axilas com minhas fiéis pistolas Beretta 92X cromadas, vesti um blazer cinza-claro por cima e estava pronto para ir. Coloquei meu Rolex no pulso, minha aliança de noivado e um colar de ouro com a aliança de Brenda. Peguei a carteira e as chaves do carro e saí para o trabalho.

Entrei na garagem e olhei ao redor. Eu tinha alguns brinquedos ali: um Plymouth 67 vermelho, um Camaro 350 preto, uma Ferrari 458 branca, alguns modelos da Harley e algumas motos esportivas.

Honestamente, eu mudava de carros com tanta frequência que quase os tratava como descartáveis. Os únicos que eu tinha amor eram o Plymouth e o Camaro; tudo mais era vendido sempre que necessário.

Hoje era meu primeiro dia de trabalho. Entrei na Ferrari, o V8 baixo roncou para a vida, acelerei pelas ruas de Chicago.

Sua beleza clássica se misturava à decadência, em um caos interessante. Em um momento você estava em um bairro tranquilo, de alto nível e seguro. Na próxima esquina, você estava sendo encarado no semáforo por membros de gangue.

Observei tudo, mas não me preocupei. Entrei no estacionamento da polícia, meu carro atraindo atenção. Desci da Ferrari e me estiquei, caminhei em direção à delegacia, meus sapatos confortáveis batendo quase silenciosamente no piso.

Entrei na delegacia; o lugar era imponente, com o escudo do Departamento de Polícia de Chicago no chão e uma mesa alta na recepção. Olhei para os atendentes e caminhei até uma mulher mais velha, que era evitada por outras pessoas.

"Bom dia, Sargento Detetive Aaron Specter. Poderia me informar onde fica a Divisão de Inteligência?" perguntei em um tom calmo. A mulher ergueu a cabeça e seus olhos fitaram os meus.

Como acontecera com muitos antes dela, ela congelou; eu ainda tinha aquele olhar frio e sanguinário, mesmo que não matasse ninguém há meses.

"Sou a sargento Trudy Platt, é um prazer recebê-lo, Sargento Specter!" apresentou-se a mulher, estendendo a mão direita. Demos um aperto firme, um leve sorriso em seu rosto.

"O comandante me informou de sua chegada, queira me seguir, por favor!" falou ela, levando-me por um corredor até uma sala afastada.

A porta estava aberta, então Platt entrou enquanto eu parei do lado de fora.

"Ron, o Sargento Detetive Specter está aqui para seu primeiro dia!" falou ela para um homem negro, alto e calvo, de olhar sério.

"Detetive Specter, bem-vindo. Eu sou o Comandante Ronald Perry!" falou o homem, levantando-se e caminhando até mim. Apertamos as mãos com firmeza.

"James me contou sobre você. Saiba que eu faço dele as minhas palavras, e se precisar de qualquer coisa, me avise!" falou o homem.

Com as apresentações feitas, ele voltou para sua mesa. O Comandante Perry abriu a gaveta e puxou alguns papéis e um distintivo. Ele me entregou tudo, eu os peguei e comecei a assinar. Pendurei meu distintivo na cintura e o encarei.

"Venha, eu vou te levar ao seu novo local de trabalho!" disse ele, levantando-se e caminhando para fora da sala.

Segui o Comandante Perry pelos corredores; ser guiado pelo próprio comandante me fazia atrair alguma atenção a mais.

"Obrigado por isso, comandante. Então, existe algo que eu deva saber sobre a equipe?" perguntei a ele.

"A Divisão de Inteligência é a nata de nosso departamento, todos veteranos experientes, com anos de serviço e dedicação. Cada um deles tendo se provado em campo diversas vezes." explicou ele.

'Embora não sejamos como vocês de Nova York, também não somos fáceis de lidar. E, se possível, tente não deixar um rastro de corpos ou receber um novo apelido..." disse ele, com um olhar apreensivo.

Creio que não cairia bem, para uma nova divisão, ter alguém com o apelido carinhoso de Açougueiro.

"Farei o meu melhor, senhor." respondi em um tom neutro.

Perry me encarou, mas não insistiu enquanto subíamos as escadas. Chegamos ao segundo andar, e me vi encarando um ambiente espaçoso. Havia mesas espalhadas, ocupadas por policiais de aparência forte.

"Senhores, um minuto de sua atenção!" Perry falou, e as pessoas nos encararam, enquanto um homem de rosto sério saía de uma sala.

'Voight, detetives, eu lhes apresento o Sargento Detetive Aaron Specter. Ele foi transferido da Divisão de Crimes Graves de Nova York e agirá como subcomandante dessa divisão. O Detetive Specter é um operacional de alto nível. Embora não trabalhemos como Nova York, ele irá fornecer muito conhecimento a vocês sobre como eles cuidam das coisas lá!"

Perry me apresentou e deu as costas a todos. Observei o homem sair, me deixando encarado por quase uma dúzia de oficiais de polícia. Felizmente, não precisei ser encarado por muito tempo; o homem chamado Voight se adiantou e estendeu a mão, seu aperto firme e calejado.

"Detetive Specter, ouvi muito sobre você. Meus amigos de Nova York falam da sua lenda! Eu sou Hank Voight." Voight me deu um sorriso, aquele olhar de aprovação no rosto.

"É um prazer, senhor Voight. Não dê ouvidos a essas coisas, apenas histórias exageradas, eu garanto!" dei de ombros.

"Esses são Alvin Olinsky, Julia Willhite, Jay Halstead, Erin Lindsay e Antônio Dawson!

Conforme Voight os apresentava, os demais detetives se levantaram e começaram a me cumprimentar de forma calma. Todos tinham apertos de mão firmes e olhares sérios. Até mesmo as duas belas mulheres tinham as mãos calejadas, resultado de suas constantes práticas com armas."

Com as apresentações feitas, Voight me levou até minha sala, que ficava ao lado da sua. Era um lugar pequeno, mas agradável: uma escrivaninha com um computador, uma poltrona confortável e um par de cadeiras para visitantes, um par de escaninhos no canto e uma mesinha onde eu podia imaginar uma nova cafeteira em algumas horas.

Entrei na sala e olhei ao redor. Voight também entrou e ficou parado, a porta fechada enquanto me observava.

"Ouvi muito sobre você, coisas boas e ruins." começou ele, em tom calmo. "Eu respeito vocês, e honestamente, a forma como vocês agem em Nova York me impressionou, mas aqui as coisas são diferentes. Temos a corregedoria em cima de nós o tempo todo e nenhuma Amanda Brown para nos defender."

"Nós dois não somos inimigos. Se você tiver algo a dizer, venha a mim. Eu sei que existem boatos, sei que você provavelmente foi informado para manter um olho em mim. Mas garanto a você, eu trabalho pelo bem dessa cidade e, às vezes, para isso, precisamos sujar as mãos."

Olhei para Voight, seus olhos contavam uma história de luta contra o mundo, contra o sistema e até contra si mesmo.

"Eu digo o mesmo, embora a maior parte do que dizem sobre mim seja verdade." falei devagar, meu tom calmo, indiferente. "Cameron me contou sua história. Honestamente, eu não ligo para a verdade. Você prende ou mata os bandidos, mantém a ordem e estamos bem. Você tenta me ferrar..."

Não precisei terminar minhas palavras, estávamos muito além disso. Voight me encarou, um sorriso perigoso em seu rosto. Éramos predadores, dois alfas colocados em um mesmo ambiente.

Em outros lugares talvez não desse certo, mas em uma unidade onde poderíamos desabafar em criminosos, funcionava muito bem.

"Se adapte. Pedirei para alguém te mostrar o lugar e te levar ao arsenal!" Voight falou, e fiquei sozinho na sala, meus olhos percorrendo o lugar enquanto eu me recostava e ajustava a temperatura.

Minutos se passaram e alguém bateu à minha porta. A sala estava congelante enquanto meus olhos estavam fechados.

"Entre!" chamei, e a pessoa entrou. Escutei um suspiro e um par de passos leves.

"Você vai pegar um resfriado desse jeito!" veio uma voz gentil, aquele tom preocupado.

Meus olhos se abriram, e me vi encarando uma das detetives de mais cedo: rosto bonito e delicado, cabelos castanhos, um corpo sexy. Roupas estilosas, mas práticas. Brenda teria gostado dela, provavelmente teria tentado levar a garota para nossa cama.

"Eu precisava pensar. Algo em que eu possa ajudar, detetive?" perguntei, limpando meus pensamentos.

"Erin. Apenas me chame de Erin." respondeu ela. "Voight me pediu pra te levar à loja de doces."

Olhei pra ela e lhe dei um sorriso, me levantei e estiquei o corpo. Notei seus olhos em mim, um brilho sutil enquanto ela me avaliava.

" Nesse caso, me chame de Aaron." respondi levemente.

"Belas roupas!" elogiou ela, seus olhos caindo em meu anel de noivado. "Sua noiva também veio para a cidade?"

A encarei por um momento; seu olhar era curioso, mas não invasivo.

"Não, ela não pode mais me acompanhar. Vamos indo?" respondi e saí da sala. Erin me seguiu; eu podia ver que ela estava sem jeito.

"Não pense muito, Brenda morreu há seis meses. Ainda não suporto a ideia de tirar a aliança..." falei com naturalidade, meus passos firmes enquanto Erin nos guiava.

"Por isso você está aqui?" perguntou de repente.

Olhei para ela, ainda sem julgamento; curiosidade sincera e pura.

"Entre outras coisas. Eu apenas queria um lugar que não me lembrasse dela constantemente." respondi.

Seus olhos foram para a minha aliança; palavras não foram ditas, mas o significado era compreendido. Eu mesmo estava me prendendo.

Havíamos entrado em uma espécie de garagem, com várias viaturas à paisana estacionadas ali. Havia também uma espécie de jaula ali, e uma cadeira em um canto. No outro, um cubículo gradeado com o que deveria ser nosso arsenal.

Erin parou ali, e um jovem asiático surgiu.

"Esse é Sheldon Jin, nosso suporte e guardião das chaves do paraíso. Jin, esse é o Detetive Specter, ele estará conosco a partir de agora." Erin nos apresentou, e apertamos as mãos. Olhei para a seleção de armas penduradas.

"Portamos normalmente pistolas padrão. Cada um de nós leva armas pesadas, mas tanto elas quanto os coletes só são usados durante operações de ataque. Trabalhamos quase o tempo todo à paisana; sendo da inteligência, temos que nos infiltrar no submundo."

Erin explicou tudo com calma e objetividade. Olhei para as armas, mas nenhuma me interessou.

"Quero registrar minhas armas pessoais." saquei minhas Beretta's e as deslizei para Jin junto com meu distintivo.

Minutos depois, deixei o lugar. Eu tinha um par de algemas ao lado do distintivo. Voltei para a sala e me sentei, olhei para a janela, que dava para o estacionamento. Lá embaixo, algumas pessoas cercavam minha Ferrari, tirando fotos.

"Aaron, venha aqui um minuto!" a voz de Voight veio da porta. Caminhei para fora, e a equipe estava toda reunida.

Notei que, além dos detetives, Jin e um par de policiais uniformizados estavam ali. Um deles era um homem negro, alto e forte, mas com aquele olhar amigável de quem estava sempre pronto a ajudar. A outra era uma jovem bonitinha, um sorriso alegre e cabelos castanhos em um rabo de cavalo.

"Vamos lá, pessoal, se reúnam e escutem! Descobrimos informações importantes sobre aquelas mortes por overdose!" Voight começou, sua voz alta e autoritária.

"O suspeito se chama Rafe, mora na South Emerald Avenue!"

"Halstead, você e Erin agirão como compradores. Vocês irão até o alvo e iniciarão o negócio, porém sob nenhuma circunstância entrem no apartamento! Eu quero estar de olho em vocês o tempo todo, fui claro?"

"Sim, senhor!" respondeu Halstead. Erin acenou com a cabeça.

Voight os encarou, seu olhar se voltando para mim e passando por cada um até parar nos policiais fardados.

"Não me importa de onde vocês vieram ou quem são, eu estou no comando aqui. Minha divisão, minhas regras!" seu tom não aceitava contestação.

Olhei para ele e aprovei sua atitude. Eu era o cara novo, com um histórico bastante pesado. Havia dois policiais verdes e Halstead, que me dava a sensação de alguém impulsivo.

"Para aqueles que não os conhecem, esses são Kim Burgess e Kevin Atwater. Eles nos darão apoio amanhã. Agora, todos dispensados, nada de horas extras hoje!" falou Voight e saiu.

Olhei para os membros da equipe e fui para minha sala. Desliguei o ar e fechei a porta. Notei os policiais fardados me encarando e me aproximei.

"Aaron Specter, novo membro da divisão." falei, estendendo a mão.

O cara negro foi o primeiro a se mover, um aperto firme.

"Kevin Atwater. Se precisar de ajuda para entrar em uma balada ou conseguir qualquer coisa por aqui, basta falar comigo." falou ele, com aquele sorriso de quem conhece todo mundo.

"Eu sou Kim. Bem-vindo à divisão!" falou a garota, seus olhos percorrendo minhas roupas e relógio, então parando em minha aliança.

"É um prazer. Agora, se me dão licença, hora de ir pra casa!" me despedi e comecei a descer as escadas. Erin me alcançou.

"Então, o que achou do primeiro dia?" perguntou ela enquanto caminhávamos para a saída.

"Apenas um dia normal." falei com tranquilidade. Ainda era cedo e eu tinha muito tempo livre.

Chegamos ao estacionamento e Erin parou ao lado do meu carro, seus olhos brilhando levemente.

"Você é algum tipo de filho rico?" perguntou ela, finalmente.

"Apenas alguém que se deu bem com investimentos." dei de ombros e entrei no carro. O V8 rugiu para a vida enquanto eu deixava o estacionamento e entrava no trânsito da cidade.

Fiz uma parada rápida em um supermercado, comprei bifes e bebidas antes de ir para casa. Estacionei o carro e tirei as roupas de trabalho. Vesti shorts e camiseta, um par de chinelos e caminhei para a área de lazer. Acendi a churrasqueira e abri uma garrafa de uísque.

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