Cherreads

Cedric

Noob_TV
7
chs / week
The average realized release rate over the past 30 days is 7 chs / week.
--
NOT RATINGS
378
Views
Synopsis
O destino não o chamou. Ele o marcou. Cedric era o melhor arqueiro de Oakhaven, um jovem cuja única preocupação era proteger sua vila e a mulher que amava. Mas quando as Terras da Névoa cuspiram uma horda de pesadelos e o céu se partiu em uma fenda púrpura, o arco de madeira comum de Cedric não foi suficiente. No caos do ataque, ele não encontrou uma morte gloriosa, mas uma transformação terrível. Infundido com a essência volátil do Vazio de Shardul, Cedric desperta em um mundo de cinzas. Seu corpo foi alterado: um braço que emana chamas frias e um olho que brilha com a luz de uma dimensão faminta. Agora, ele é uma Anomalia — um ser que não deveria existir, um homem que carrega dentro de si a mesma força que destruiu seu povo. Neste primeiro volume da crônica, acompanhamos o exílio de Cedric por reinos ancestrais. Entre o rigor das ordens de cavalaria e a disciplina silenciosa dos samurais do Leste, ele busca uma maneira de conter a escuridão que ameaça devorar sua sanidade. Mas enquanto ele aprende a transformar sua maldição em arma, a Ordem das Sombras envia seus inquisidores para capturar sua criação mais poderosa.
Table of contents
VIEW MORE

Chapter 1 - Cedric

A história e

O Último Alvorecer de Oakhaven

O ar em Oakhaven sempre teve o cheiro doce de pinho e terra molhada, mas naquela manhã, algo estava errado. Cedric puxou a corda de seu arco, sentindo a resistência familiar da madeira de teixo contra seus dedos calejados. Ele estava no alto da vigia leste, os olhos fixos na linha da floresta que delimitava as Terras da Névoa.

— Você está tenso, Cedric — disse Elara, uma jovem curandeira da vila, enquanto subia os degraus de madeira com uma cesta de ervas. — Nem os pássaros estão cantando hoje, não é?

— O silêncio é pesado demais, Elara — respondeu ele, sem desviar o olhar. — É como se a própria floresta estivesse prendendo a respiração.

Ele tinha razão. À medida que o sol tentava romper as nuvens cinzentas, a névoa na fronteira não se dissipou. Pelo contrário, ela começou a ferver. O que antes era um branco fantasmagórico tornou-se um cinza asfáltico, e então, um rasgo vertical de luz ultravioleta cortou o horizonte.

O som veio logo em seguida: um trovão seco, sem chuva, que fez o chão vibrar sob suas botas.

— O que é aquilo? — Elara deixou a cesta cair.

— Corra para o sino! — gritou Cedric, já sacando a primeira flecha de sua aljava. — Agora!

De dentro da fenda, as sombras ganharam forma. Eram criaturas que desafiavam a anatomia: membros alongados, pele que parecia feita de fumaça sólida e olhos que brilhavam com um ódio ancestral. Elas não corriam; elas deslizavam, ceifando a vida de tudo o que tocavam.

Cedric disparou. Uma, duas, três vezes. Suas flechas encontravam os crânios das feras com precisão cirúrgica, mas para cada uma que caía, dez emergiam da fenda. A vila, antes um refúgio de paz, transformou-se em um abismo de gritos e fogo negro.

Ele desceu da vigia e lutou nas ruas lamacentas. O arco, sua extensão natural, tornou-se uma ferramenta de desespero. Quando uma das criaturas saltou sobre um grupo de crianças, Cedric se lançou à frente. Ele sentiu o impacto antes de ver a garra. Uma lâmina de pura sombra atravessou seu ombro direito e rasgou o lado de seu rosto.

A dor foi indescritível. Não era o corte de uma lâmina comum, mas o vácuo absoluto tentando devorar sua existência. Cedric caiu de joelhos, o sangue escorrendo quente sobre a neve suja. Ele viu a criatura erguer a garra para o golpe final, mas o mundo ao redor dele começou a desacelerar.

A fenda, a poucos metros de distância, pulsou. Uma língua de fogo púrpura chicoteou para fora do abismo, serpenteando pelo ar como uma serpente faminta. Ela ignorou as sombras e os aldeões, fixando-se no ferimento aberto de Cedric.

Ele tentou gritar, mas seus pulmões estavam cheios de fumaça rutilante. A energia roxa invadiu suas veias, substituindo o sangue por um poder frio e faminto. Onde havia carne rasgada, agora surgia uma marca luminescente. Seu olho direito, atingido pelo golpe, não escureceu; ele acendeu.

Cedric sentiu sua humanidade sendo empurrada para um canto escuro de sua mente enquanto algo novo tomava as rédeas. Ele estendeu a mão para o seu arco quebrado no chão. Ao tocá-lo, a madeira não apenas se consertou, mas se transmutou, envolta em chamas que não queimavam o mundo físico, mas consumiam a própria alma do que tocavam.

Ele se levantou, não mais como o arqueiro da vila, mas como algo que a própria escuridão passou a temer. O silêncio que se seguiu à explosão de energia foi mais aterrorizante que o caos do combate. Cedric sentiu o poder púrpura latejar em suas têmporas, uma batida rítmica que abafava os gritos restantes. Antes que pudesse entender a força que agora corria em suas veias, o mundo inclinou-se. O brilho violeta em sua visão foi a última coisa que viu antes da escuridão total o reivindicar.

Capítulo II: O Despertar nas Cinzas

Cedric acordou com o gosto de ferro e ozônio na boca. Seus olhos se abriram devagar, mas a sensação foi estranha: o olho esquerdo via o mundo em tons opacos de cinza e marrom, enquanto o direito percebia rastros de calor e fluxos de energia que flutuavam no ar como fumaça elétrica.

Ele tentou se levantar, mas o braço direito pesava como chumbo. Ao olhar para baixo, o horror o atingiu. Sua pele, do ombro até a ponta dos dedos, estava marcada por veias negras e luminescentes, como se o fogo da fenda tivesse sido congelado sob sua derme.

— Você finalmente acordou — uma voz rouca ecoou entre as ruínas.

Cedric virou-se bruscamente, a mão instintivamente buscando o arco. Ele estava deitado sob os restos do que fora a taverna da vila. À sua frente, sentado em um barril queimado, estava um homem idoso, vestindo uma armadura de placas desgastada e uma capa manchada de fuligem. Um cavaleiro errante.

— Onde... onde estão todos? — a voz de Cedric saiu como um sussurro quebrado.

O cavaleiro não respondeu com palavras. Ele apenas gesticulou para o que restava de Oakhaven. Não havia mais casas, apenas esqueletos de madeira carbonizada. Não havia neve, apenas cinzas que caíam do céu perpetuamente escuro. A fenda no horizonte havia se fechado, deixando para trás uma cicatriz de energia estática no ar.

— Três dias, rapaz. Você dormiu por três dias enquanto o vazio terminava de mastigar este lugar — disse o homem, levantando-se. — Eu vim atrás dos rastros da fenda, mas só encontrei cadáveres... e você. Ou o que quer que você seja agora.

Cedric olhou para as próprias mãos. A energia púrpura brilhou em resposta à sua angústia.

— Eu tentei pará-los... Elara... os outros...

— Estão todos mortos, ou levados para o outro lado — o cavaleiro caminhou até Cedric e estendeu uma mão enluvada, não para ajudá-lo, mas para testar sua reação. — O que quer que tenha saído daquela fenda, deixou um pedaço de si em você. Você fede a sombra, mas seus olhos ainda têm o brilho de um homem.

Cedric levantou-se, ignorando a dor. Ele encontrou seu arco a poucos metros. A madeira estava enegrecida, fundida com a mesma energia que agora o habitava. Ao tocá-lo, sentiu um formigamento familiar e terrível.

— Quem é você? — perguntou Cedric, encarando o estranho com seu olho flamejante.

— Alguém que conhece o peso de uma maldição. Se ficar aqui, as cinzas vão te enterrar. Se vier comigo, talvez eu te ensine a não ser consumido por esse fogo roxo antes de encontrar quem fez isso com o seu povo.

Cedric olhou uma última vez para os destroços de sua casa. O arqueiro da vila havia morrido naquele ataque. O que restava era um andarilho marcado pela sombra, com o coração cheio de perguntas e uma sede de justiça que queimava mais que a própria ferida. Cedric não se moveu. O convite para o treinamento era tentador, mas a lacuna em sua mente doía mais do que o ferimento em seu braço. Ele fincou o arco no chão carbonizado, usando-o como apoio, e encarou o cavaleiro com uma intensidade que fez o homem de armadura recuar um milímetro.

— Eu não darei um passo para fora dessas cinzas sem respostas — disse Cedric, a voz agora carregada com uma vibração metálica e não natural. — Você não apareceu aqui por acaso. O que era aquela fenda? E por que eu ainda estou respirando quando tudo ao meu redor virou pó?

O cavaleiro soltou um suspiro pesado, a fumaça saindo pelas frestas de seu elmo. Ele se sentou novamente, percebendo que o jovem arqueiro não seria dobrado facilmente.

A Revelação do Cavaleiro

— O que você viu é chamado de Abismo de Shardul — começou o homem, desenhando um símbolo circular na cinza com a ponta de sua espada. — Não é apenas um buraco no espaço; é uma consciência faminta. A Ordem das Sombras, um culto de feiticeiros banidos há eras, está rasgando o véu entre o nosso mundo e o Vazio para alimentar seu deus esquecido.

Ele apontou para o olho brilhante de Cedric.

— Eles buscam "Recipientes". Geralmente, a energia do Vazio destrói a matéria orgânica em segundos. Mas você... por algum motivo, sua alma não se estilhaçou. Ela se fundiu. Você não é apenas um sobrevivente, Cedric. Você se tornou um Anômalos. Para a Ordem, você é a maior arma que eles já criaram por acidente. E para o resto do mundo, você é um monstro em potencial.

O Dilema de Cedric

Cedric sentiu um frio na espinha. Ele não era apenas uma vítima; ele era o resultado de um experimento cósmico. O cavaleiro, que se apresentou como Sir Alistair, explicou que a fenda em Oakhaven foi apenas uma de muitas. A Ordem está espalhando essas feridas pelo continente, colhendo essência vital para abrir um portal definitivo.

— Se você quiser vingança, ou apenas a sua humanidade de volta — continuou Alistair — precisaremos ir para o Leste. Lá, os mestres de lâmina das Terras do Sol Nascente conhecem segredos sobre o equilíbrio do espírito que meus códigos de cavalaria não podem ensinar. Cedric olhou para o horizonte, onde o sol lutava para brilhar através da fuligem. Ele sabia que, se ficasse ali, a escuridão dentro dele acabaria por devorar o que restava do homem que ele fora. A oferta de Alistair não era apenas sobre sobrevivência, mas sobre controle.

— Para o Leste, então — disse Cedric, limpando as cinzas de seu arco. — Mas se eu sentir que estou perdendo o controle, Alistair... se essa energia púrpura decidir que quer mais do que apenas o meu braço... você sabe o que precisa fazer.

O cavaleiro assentiu em um silêncio solene. Ele sabia que estava viajando com uma bomba-relógio viva.

Capítulo III: O Despertar da Disciplina

A jornada para as Terras do Sol Nascente levou meses. À medida que as florestas de pinheiros davam lugar a vales de bambu e templos esculpidos na rocha, Cedric sentia a energia em seu braço tornar-se mais inquieta. O poder do Vazio parecia reagir à pureza daquelas terras.

Eles chegaram ao Templo das Sombras Domadas, um monastério isolado onde samurais veteranos estudavam não apenas o aço, mas a energia espiritual (Ki). Foi lá que Cedric conheceu seu novo mestre: Ishiro, um samurai cuja pele era marcada por cicatrizes de batalhas que nenhum livro de história registrou.

O Treinamento do Equilíbrio

Ishiro não deu a Cedric um arco de guerra. Ele lhe deu uma tarefa: ficar parado.

— Você tenta lutar contra o Vazio como se ele fosse um inimigo externo — disse Ishiro, caminhando ao redor de Cedric enquanto o jovem tremia sob o esforço de conter o brilho púrpura em seu braço. — Mas o Vazio agora é o seu sangue. Você não luta contra o seu sangue. Você o direciona.

O treinamento foi brutal. Cedric aprendeu a. A Calmaria do Arqueiro: Disparar flechas comuns com os olhos vendados, usando apenas o seu "olho flamejante" para sentir a vibração do ar, aprendendo a distinguir entre a visão física e a espiritual. Após um ano de reclusão, um mensageiro chegou ao templo com notícias sombrias. Uma vila próxima estava sendo consumida por uma fumaça púrpura idêntica à de Oakhaven. A Ordem das Sombras havia encontrado Cedric.

Ishiro entregou a Cedric um novo conjunto de vestes: uma mistura de couro endurecido ocidental com o haori fluído do leste. Mas o presente principal foi o seu arco. O metal rúnico agora brilhava com uma luz estável.

— Você não é mais um arqueiro da vila, e não é um monstro do Vazio — declarou Ishiro. — Você é a ponte entre os dois mundos. Vá.

A Próxima Missão

Cedric chega à vila atacada e vê o horror se repetindo. No centro da praça, um Inquisidor da Ordem — um homem envolto em mantos negros e máscaras de ferro — comanda as sombras. Cedric não queria apenas vencer; ele queria enviar uma mensagem. O trauma de Oakhaven ainda queimava em seu peito, mas agora, sob o controle da disciplina de Ishiro e Alistair, aquela dor era combustível canalizado.

Ele caminhou pela rua principal da vila, seus passos ecoando no calçamento de pedra. Onde ele pisava, a névoa ao redor de seus pés tornava-se púrpura, como se a própria terra reconhecesse seu mestre. Os aldeões, paralisados pelo medo, viram um homem que parecia um fantasma de dois mundos: a postura rígida de um cavaleiro, a elegância letal de um samurai e um brilho sobrenatural que nenhum mortal deveria possuir.

O Inquisidor da Ordem virou-se, sua máscara de ferro refletindo a luz etérea que emanava de Cedric.

— O Recipiente... — a voz do Inquisidor era um sussurro sibilante. — Você veio até nós. A fenda reclama o que é dela, anomalia.

Cedric parou a dez passos. Ele levou a mão ao arco, mas não o ergueu de imediato. Em vez disso, ele fechou o olho esquerdo humano e permitiu que o Olho do Vazio assumisse o controle total. Uma chama roxa irrompeu de sua órbita, deixando um rastro de luz no ar gelado.

— A fenda não reclama nada hoje — disse Cedric, sua voz vibrando com o poder de Shardul, mas controlada pela vontade de um guerreiro. — Eu sou o erro que vocês não podem consertar. Eu sou o Arqueiro das Brumas.

As criaturas das sombras, sentindo a aura de Cedric, hesitaram. Pela primeira vez, os predadores sentiram o cheiro do medo. O Inquisidor rugiu uma ordem e uma horda de monstros saltou dos telhados em direção ao arqueiro.

O Combate se Inicia

Com um movimento fluido, Cedric sacou uma flecha. No momento em que a corda do arco foi tensionada, a energia do seu braço direito fluiu para a ponta da flecha, transformando-a em um projétil de plasma púrpura.

Ele não disparou uma flecha comum. Ele disparou vontade pura. O Olho de Falcão: Com o olho flamejante, ele previu o movimento do Inquisidor, que tentava conjurar um feitiço de paralisia. Cedric disparou uma flecha que atravessou a mão do vilão, pregando-a em uma coluna de madeira e interrompendo o ritual. O Inquisidor gritou, e o chão começou a tremer. Uma criatura colossal, feita de ossos e fumaça negra, emergiu da terra entre Cedric e seu alvo.

O Momento Crítico

O gigante das sombras é vasto demais para flechas comuns e está avançando para esmagar Cedric. Cedric respirou fundo, permitindo que a frieza do Vazio se expandisse por seus pulmões. Em vez de resistir à energia, ele abriu as comportas de sua vontade.

— Brumas, cubram o caçador — sussurrou.

Em um instante, o corpo de Cedric desintegrou-se em uma nuvem densa de fumaça púrpura. O gigante de ossos e sombras desferiu um golpe devastador onde o arqueiro estava, mas seus punhos atravessaram apenas o ar frio e etéreo. O Inquisidor, com a mão pregada na coluna, olhou freneticamente ao redor, mas o olho flamejante de Cedric não estava em lugar nenhum e, ao mesmo tempo, estava em toda parte.

O Golpe Final

A névoa começou a girar em torno do Inquisidor, fechando o cerco como um redemoinho de luz violeta. De repente, a bruma se condensou. Cedric materializou-se exatamente atrás do vilão, a centímetros de distância. O ar ao redor deles estalava com a pressão espiritual.

Sem hesitar, Cedric não usou uma flecha. Ele segurou o arco como uma arma branca e, com a mão infundida pelas chamas do vazio, tocou as costas do Inquisidor.

— Volte para o lugar de onde você me tirou — sentenciou.

A energia púrpura fluiu de Cedric para o Inquisidor em um fluxo reverso. O vilão não sangrou; ele começou a ser desfeito, sua essência sendo sugada para dentro de um pequeno vácuo criado pelo toque de Cedric. Com um grito abafado, o Inquisidor desapareceu, restando apenas sua máscara de ferro, que caiu ruidosamente no chão de pedra.

Sem o seu mestre e a energia que a sustentava, a fera de ossos desmoronou, tornando-se cinzas inertes que o vento da manhã rapidamente dispersou.

O Pós-Batalha

O silêncio retornou à vila, mas desta vez era um silêncio de alívio, não de medo. Cedric permaneceu de pé, ofegante, enquanto as marcas em seu braço pulsavam suavemente, voltando ao estado de dormência. Ele pegou a máscara de ferro do chão. Dentro dela, havia um entalhe: um mapa estelar que apontava para as Montanhas do Suspiro Final, o lugar onde a fenda original foi aberta.

Alistair e Ishiro aproximaram-se, observando o rastro de destruição e a precisão do contra-ataque.

— Você o baniu — disse Ishiro, com um aceno de aprovação. — Mas a Ordem agora sabe que o "Recipiente" aprendeu a morder.

— Deixe que saibam — respondeu Cedric, guardando seu arco. — Agora eu tenho as coordenadas deles. Eu não sou mais o caçado.

O Encerramento do Volume I

Cedric agora tem um destino claro: as Montanhas do Suspiro Final. Ele está pronto para deixar de ser um guardião errante para se tornar o martelo que fechará a fenda de uma vez por todas. Epílogo: O Caminho para o Suspiro Final

O sol nascente banhava as Terras do Sol Nascente em tons de ouro e lavanda, pintando um contraste gritante com as cinzas e a escuridão que Cedric carregava em sua alma. A vila, agora livre da sombra da Ordem, começava a reconstruir-se lentamente, como uma ferida que cicatrizava sob o olhar atento de Alistair e Ishiro.

Cedric estava no pico de uma colina, a brisa fria da manhã agitando seus cabelos escuros. Ele não se demorou nas despedidas. Suas novas vestes, uma fusão de couro e seda, eram um lembrete físico de sua transformação: o guerreiro de Oakhaven havia morrido, e dele nascera o Arqueiro das Brumas. O olho flamejante, agora mais controlado, brilhava suavemente, como uma estrela solitária na alvorada.

A máscara do Inquisidor estava guardada em sua mochila, um troféu sombrio e um mapa para seu próximo destino. As Montanhas do Suspiro Final, um lugar lendário onde as nuvens tocavam o céu e o ar rarefeito guardava segredos ancestrais. Ali, ele sabia, encontraria a verdadeira origem da Fenda de Shardul. Ali, ele enfrentaria a Ordem das Sombras em sua própria fortaleza.

Ele sabia que a jornada seria longa e perigosa. O poder dentro dele era uma espada de dois gumes, sempre à espreita, ameaçando consumi-lo. Mas ele também sabia que não estava sozinho. As vozes de Alistair e Ishiro, seus mentores improváveis, ecoavam em sua mente: a disciplina para conter, a fúria para lutar.

Com um último olhar para o vale pacífico, Cedric se virou. Seu arco descansava em suas costas, uma extensão de seu ser. Sua mão direita, adornada com as veias púrpuras, agarrou o cabo de sua katana. O medo ainda existia, mas era um medo temperado pela resolução.

Ele era Cedric, o Arqueiro das Brumas Púrpura. E ele estava vindo.

Atrás dele, os dois mentores observavam sua figura se afastando.

— Ele não está mais apenas reagindo — disse Ishiro, com uma sabedoria ancestral em seu olhar. — Ele está caçando.

Alistair apertou a empunhadura de sua espada.

— E que os deuses ajudem o que ele encontrar.

E assim, Cedric desapareceu na neblina matinal, em direção às montanhas que prometiam respostas e um confronto final com o vazio que o havia criado. O primeiro volume da Balada de Cedric havia terminado, e o próximo capítulo da Crônica estava apenas começando.