Parte I – O Grito Que Rompeu o Céu
O campo de Marineford estava em colapso. O chão tremia com os passos dos titãs. O céu se rasgava com os gritos dos que caíam. E o mar, dividido pela chegada de Barba Branca, parecia conter a respiração.
No meio disso, Luffy corria.
O corpo de Oz Jr. jazia entre os escombros, mas sua última ação havia aberto um caminho. Um corredor entre muralhas quebradas e soldados desmaiados. Um espaço onde a esperança podia passar.
Luffy avançava por esse corredor. O corpo vaporizando com o Gear Second. Mas ele estava esgotado. Ferido. Quase morto.
Tinha sido salvo por Ivankov, que havia restaurado parte de sua energia com hormônios de emergência. Mas o preço era alto. Cada passo doía. Cada respiração queimava.
Entre os destroços, uma presença se moveu com precisão letal. Dracule Mihawk, o maior espadachim do mundo, avançou com Yoru em mãos.
Ele não via Luffy como ameaça. Via como teste.
Com um movimento quase silencioso, Mihawk desferiu um corte horizontal. O ar se partiu. O chão se rachou.
Luffy saltou no último instante, o golpe passando a centímetros de seu abdômen.
Ele não parou. Não olhou para trás. Apenas correu.
Mihawk girou Yoru com leveza. Desferiu um segundo golpe, desta vez vertical, mirando o ponto onde Luffy aterrissaria.
Luffy girou no ar, desviando com um impulso lateral. O corte atingiu o solo, criando uma fenda.
Mihawk parou. Observou.
"Ele não é só sorte," murmurou.
Luffy continuava. O cadafalso estava à vista. Mas entre ele e Ace, estavam os três almirantes: Aokiji, Kizaru e Akainu.
Luffy parou por um instante. O corpo tremia. O coração acelerava.
Ele olhou para Ace. E gritou:
"ACE, EU VOU TE SALVAR!"
O ar se partiu. O chão tremeu. Soldados desmaiaram.
Era o Haki do Conquistador. Despertado. Inconsciente. Bruto.
O Cadafalso
Luffy avançou com força total. Saltou sobre os escombros. Desviou de ataques. Desferiu golpes com Haki instável.
Chegou ao topo. E ali, diante dele, estava Garp.
O avô. O herói. O marinheiro.
Garp olhou para Luffy. E hesitou.
O punho se ergueu. Mas não desceu.
Ele viu o neto. Viu o grito. Viu o peso.
E se deixou ser derrotado.
Luffy passou.
Ace estava acorrentado com Kairoseki. Mas Luffy, com o Haki recém-despertado, golpeou os grilhões com força.
Eles se partiram.
Ace caiu de joelhos. Luffy o segurou.
Por um instante, o campo silenciou.
Dois irmãos. Dois destinos. Um momento.
Eles começaram a descer. Mas a Marinha reagia. Tiros. Explosões. Gritos.
Um soldado avançou contra Ace. Ele, ainda com as correntes nos pulsos, as ergueu instintivamente. Bloqueou o golpe. E com o impacto, as correntes se romperam por completo.
Ace estava livre.
O Último Segundo
Eles corriam. Mas o chão se abriu em magma.
Akainu surgiu. O corpo envolto em lava. Os olhos em fúria.
Ele avançou contra Luffy. O punho em chamas. O golpe fatal.
Ace se lançou à frente. O corpo em defesa. O impacto seria letal.
Mas então…
Uma sombra cruzou o campo. O ar se curvou. O chão se partiu.
Kaien apareceu.
O Solar Axe interceptou o punho de magma. O impacto criou uma onda de choque que lançou soldados ao chão.
Kaien estava em posição. O corpo envolto em Haki de Armamento embutido com Haki do Conquistador. O Pulso Pulsante vibrava com 60 ondas ativas. O Haki de Observação estava ativado — e ele via o futuro, brevemente.
Ele olhou para Akainu. E disse:
"Você não vai tocar nele."
Marineford não era mais uma guerra. Era um julgamento.
Luffy havia libertado Ace. Akainu havia tentado matar. Kaien havia bloqueado.
E agora, o peso seria sentido.
...
O primeiro golpe não foi o mais forte. Foi o mais claro.
Kaien não bloqueou apenas um ataque. Ele impôs um limite.
Akainu, envolto em magma, recuou meio passo. Não por medo. Mas porque o campo havia mudado.
Kaien não esperou. Girou o Solar Axe com ambas as mãos, e as ondas do Pulso Pulsante se ativaram em sequência. Não eram invisíveis. O ar ao redor dele vibrava em círculos concêntricos, como se o espaço estivesse sendo empurrado para longe.
Sessenta ondas. Cada uma com um ritmo. Cada uma com uma função.
Akainu avançou com o punho em chamas. Kaien já havia visto.
O Haki de Observação mostrava o movimento antes de acontecer. Não como uma imagem. Mas como uma sensação.
Kaien girou o corpo, desviando com precisão. O machado desceu em diagonal, mirando o ombro de Akainu.
O impacto não cortou. Afundou.
O chão não aguentou. A área entre os dois se partiu em uma cratera. Soldados próximos foram lançados para longe. O calor do magma colidiu com a pressão das ondas.
O resultado foi um vácuo. Por um segundo, não havia som.
Kaien não usava força bruta. Usava estrutura.
O Haki de Armamento, embutido com o Haki do Conquistador, criava uma camada que não apenas endurecia — ela pesava. Cada golpe do Solar Axe carregava densidade emocional. Cada onda do Pulso Pulsante empurrava o tempo.
Akainu tentava compensar com volume. Criava fissuras de magma. Explodia o chão. Transformava o campo em um mar de lava.
Mas Kaien não lutava no campo. Lutava no ritmo.
Kaien girava o machado em padrões que pareciam aleatórios. Mas cada giro ativava uma onda. Cada onda criava uma distorção. Cada distorção anulava uma explosão.
Era como se o campo estivesse sendo redesenhado a cada segundo.
Akainu percebeu. E acelerou.
Avançou com ambos os braços em chamas. Tentou um golpe cruzado.
Kaien viu. Desviou. Girou. Ativou três ondas simultâneas.
O impacto lançou Akainu para trás.
Marineford parou.
Não por respeito. Mas por instinto.
A luta entre Kaien e Akainu não era barulhenta. Era densa.
Cada movimento criava uma pausa. Cada pausa, uma escolha.
Kaien não falava. Mas seus olhos diziam tudo.
"Você não vai passar."
Akainu não respondia. Mas o magma rugia.
"Então você vai cair."
Akainu concentrou magma em uma esfera. Lançou contra Kaien com força total.
Kaien girou o Solar Axe. Ativou todas as 60 ondas em um único ponto. O Haki de Armamento se expandiu. O Haki do Conquistador se intensificou.
O impacto foi absoluto.
O chão se partiu em um raio de cem metros. A muralha central de Marineford desabou. O mar recuou. O céu se rasgou.
Mas Kaien permaneceu.
Akainu estava de pé. Mas o campo não o sustentava.
Kaien não havia vencido. Mas havia pesado.
E Marineford sentia.
...
O campo estava em ruínas. O chão, rachado em crateras. O céu, dividido por fendas de luz e fumaça. O mar, recuado como se temesse o que via.
No centro de tudo, Kaien permanecia de pé. O Solar Axe em mãos. O corpo envolto em Haki de Armamento embutido com Haki do Conquistador. As 60 ondas do Pulso Pulsante giravam ao seu redor como anéis gravitacionais. O Haki de Observação pulsava em seus olhos, revelando segundos à frente.
Diante dele, Akainu se erguia, o corpo coberto de magma, os olhos em fúria. Mas antes que o próximo golpe fosse lançado…
Uma nova presença caiu sobre o campo como um sino de bronze.
Sengoku, o Buda, apareceu no alto da muralha central. O manto de almirante flutuava com o vento. O olhar era de aço.
"Akainu!" — sua voz ecoou por toda Marineford. "Você vai lidar com Barba Branca. Agora."
Akainu hesitou. Olhou para Kaien. Depois para o campo onde Barba Branca avançava como um terremoto.
Sengoku desceu com um salto. O impacto rachou o solo. Ele caminhou até Kaien, os olhos fixos.
"Esse aqui é meu."
Kaien não respondeu. Apenas ajustou a pegada no machado.
Sengoku ativou sua forma de Buda, crescendo em tamanho, o corpo dourado, irradiando poder. O Haki do Conquistador explodiu ao redor dele, colidindo com o de Kaien.
O campo se partiu novamente. Soldados desmaiaram. O ar se curvou.
Era como se o mundo estivesse sendo comprimido entre dois ritmos.
Kaien sentia. O corpo já havia ultrapassado o desgaste. As 60 ondas estavam no limite da estabilidade.
Mas ele não podia parar. Não agora.
Ele fechou os olhos. Respirou fundo. E deixou o Pulso expandir.
Sessenta e uma.Sessenta e duas.Sessenta e três.
O ar ao redor começou a vibrar em múltiplas camadas. As ondas não giravam mais em círculos. Elas se entrelaçavam em espirais.
Sengoku avançou com um soco de energia dourada. Kaien girou o machado. O impacto foi brutal.
O golpe de Sengoku atingiu Kaien no ombro. Mas não o derrubou. O Solar Axe desceu em diagonal, atingindo o braço do Buda com força.
O Haki de Armamento de Kaien estava mais denso. Mais escuro. Mais vivo.
As ondas chegaram a setenta.
O campo ao redor deles se tornou um vórtice de pressão. Nada mais se movia ali. Era como se o tempo tivesse sido selado.
Sengoku recuou, o braço vibrando com o impacto. Olhou para Kaien com seriedade.
"Você não é um pirata comum."
Kaien respondeu, pela primeira vez:
"E você não é um justiceiro. Só um homem tentando conter o que não entende."
Sengoku cerrou os punhos. "Você está protegendo criminosos."
Kaien avançou.
"Estou protegendo o que ainda pesa."
Kaien girou o Solar Axe com ambas as mãos. O Pulso Pulsante se expandiu.
Oitenta ondas.Oitenta e cinco.Noventa.
O corpo de Kaien tremia. Mas não de fraqueza. De transbordamento.
O Haki do Conquistador se misturava ao ar. O Haki de Observação mostrava cada movimento de Sengoku antes que ele acontecesse.
Kaien não lutava mais por defesa. Ele lutava por ruptura.
Sengoku concentrou energia em ambos os punhos. Avançou com um salto. Desceu com força total.
Kaien girou o Solar Axe. Ativou cem ondas.
O impacto foi indescritível.
O chão desapareceu. A muralha final de Marineford desabou. O mar invadiu o campo. O céu se abriu em uma espiral de luz.
Por um instante, tudo ficou branco.
Quando a poeira baixou, Kaien ainda estava de pé. O Solar Axe cravado no chão. O corpo coberto de sangue. Mas os olhos firmes.
Sengoku estava ajoelhado. O braço direito tremia. O campo ao redor era um deserto de escombros.
Kaien havia ultrapassado os 100 limites. Não por poder. Mas por escolha.
Marineford não era mais um campo de guerra. Era um campo de peso.
E o mundo jamais esqueceria.
...
O campo estava em ruínas. O mar, agitado. O céu, dividido. O chão, quebrado.
Mas o objetivo havia sido cumprido.
Ace estava vivo.Luffy estava vivo. E Kaien havia feito o que veio fazer.
Kaien permanecia de pé. O corpo coberto de feridas. O Solar Axe cravado no solo. As 100 ondas do Pulso Pulsante giravam lentamente, como se se despedissem.
Ele olhou para Ace e Luffy, agora protegidos por aliados. Viu Marco e Izo recuando com os feridos. Viu a Xeeksot se reorganizando.
E então, respirou fundo.
"O peso foi entregue."
Kaien girou o corpo. Deu as costas para o campo. E começou a se afastar.
Mas o mundo não havia terminado.
Do outro lado do campo, Barba Branca enfrentava Akainu com fúria ancestral. O corpo já ferido. O coração, intacto.
Ele golpeava com a Gura Gura no Mi, rachando o ar, o mar, o tempo. Mas Akainu não recuava. Avançava com magma absoluto.
O confronto foi brutal. O campo se partiu. A muralha final desabou.
E então… O golpe final.
Akainu atravessou o peito de Barba Branca com um punho em chamas. O velho titã não gritou. Não caiu.
Ele permaneceu de pé. E morreu em pé.
Kaien parou. Olhou para o corpo de Barba Branca. Não com tristeza. Mas com respeito.
"Ele não caiu. Ele sustentou."
O campo silenciou. A Marinha hesitou. Os aliados recuaram.
Era como se o mundo tivesse perdido um pilar.
E então, o mar se abriu novamente.
Um novo navio surgiu. Não em velocidade. Mas em presença.
Shanks havia chegado.
O mastro vermelho cortava o céu. A bandeira tremulava com autoridade. E o Haki do Conquistador se espalhou como uma onda silenciosa.
Soldados desmaiaram. Almirantes pararam. Sengoku cerrou os punhos.
Shanks caminhou até o centro do campo. Olhou para os corpos. Olhou para os vivos.
E disse:
"A guerra termina aqui."
Kaien observava de longe. O Solar Axe nas costas. As ondas se recolhendo.
Ele não se aproximou. Não se envolveu.
Apenas caminhou para longe.
Ace estava vivo. Luffy estava vivo. O peso havia sido entregue.
E Marineford jamais seria o mesmo.
